sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mutirão

Com muita felicidade, neste ano de 2011, iniciamos as aulas na escola de Ensino Fundamental Casa dos Pássaros, após um longo tempo de sonhos, reflexões e muito trabalho. Desejamos compartilhar nossa alegria e convidar a todos(as) para conhecerem nosso projeto.

Mutirão dia 27/02/2011
a partir das 10:00h
Casa dos Pássaros - Unipaz

Tragam frutas, bebidas e comidinhas para compartilharmos um delicioso lanche coletivo
Até lá!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os dispositivos de convivência

Direitos e Deveres
Orientam a vivência coletiva, estabelecendo as responsabilidades individuais e do grupo. São definidos no inicio do ano letivo, pautam o diálogo nas instâncias de gestão e geram as atribuições dos grupos de responsabilidade.
Grupos de Responsabilidade
Para exercício dos princípios - autonomia, co-responsabilidade e solidariedade - todos participarão de grupos com atribuições definidas que se afinem com seus interesses/habilidades e com as necessidades coletivas. Os grupos se reúnem periodicamente para planejar e avaliar se estão sendo cumpridos os objetivos propostos.
Gostei/não gostei
Espaço para expressão e registro de contentamento e insatisfação, que possibilita ao estudante afirmar-se como sujeito construtor do coletivo e ao coletivo aprofundar limites de convivência e encaminhar soluções que serão responsabilidade de todos.
Agrupamento não-seriado
Considerando a seriação como instrumento artificial de classificação dos estudantes, esta escola se organiza como um único grupo, com crianças e adolescentes de diferentes idades, que farão tanto atividades conjuntas - no todo ou em diferentes subgrupos - quanto individuais, em respeito ao planejamento individual de cada um e ao desenvolvimento dos projetos. Os desejos, interesses, conhecimentos e habilidades são os propulsores da organização dos estudantes, de forma que cada um explore seus potenciais, livre das expectativas massificadas e limitantes das organizações seriadas.

Os dispositivos de construção do conhecimento

Mapa do Saber
Sistematização gráfica dos conhecimentos e habilidades básicos que serão construídos, de acordo com as faixas etárias das crianças e dos adolescentes, com base nos Parâmetros Curriculares do MEC e nas atitudes necessárias para o exercício dos princípios e dos dispositivos da escola. O mapa orienta a atuação dos educadores e facilita o planejamento individual dos estudantes.
Planejamento e Registro Individual
Inspirado no mapa do saber e com a ajuda dos educadores, o estudante realiza o planejamento de sua trajetória de construção do conhecimento, bem como de participação nos dispositivos de convivência, estabelecendo objetivos e traçando caminhos para atingi-los. Esses planos, assim como as experiências vividas e o processo de avaliação, estarão organizados em uma estrutura de registro individual (plano, diário de bordo e avaliações) e coletivo (murais, já sei/posso ajudar/preciso de ajuda).
Eu Ja Sei/Posso Ajudar/Preciso de Ajuda
A participação solidária, autônoma e responsável do estudante se expressa na manifestação, em espaços coletivos, daquilo que ele avalia que já sabe - e, portanto, pode ser avaliado -, do que se sente capaz de contribuir no aprendizado dos demais - “posso ajudar” -, assim como daquilo que ainda requer auxilio para consolidar em sua trajetória de construção - “preciso de ajuda”. O estudante se apropria do seu processo de avaliação, que deixa de ser conduzido pela escola – como instrumento de controle - e passa a instrumento de retroalimentação e estimulo para o individuo. Faz-se necessário ressaltar que o processo avaliativo se realiza em três dimensões: além dessa percepção do próprio estudante, soma-se a visão do educador/tutor, como parceiro; e da própria comunidade escolar, como suporte na percepção da experiência de cada estudante.
Tutoria
O educador, ao abrir mão da postura de detentor do saber, passa a desempenhar o papel de facilitador da construção individual e coletiva do conhecimento, auxiliando cada estudante no desenho de sua trajetória individual, com base nos interesses, necessidades e habilidades de cada um, bem como na integração e aproveitamento dos demais dispositivos.
Projetos
São atividades coletivas, orientadas pelos educadores e construídas pelas crianças e pelos adolescentes, para nutrir e complementar o desenvolvimento da trajetória individual dos estudantes na construção de conhecimentos e habilidades. Os projetos possibilitam uma abordagem integrada de diversos tipos de saberes e o aprofundamento dos temas básicos do mapa do saber, de acordo com cada grupo.
Expressão e Troca
Os conhecimentos e as habilidades desenvolvidos, de forma individual ou como produção coletiva, contarão com espaços e atividades para compartilhamento, com vistas a possibilitar novas descobertas/avanços e construir diferentes caminhos/formas de expressão.

A associação

O sonho de se construir uma nova escola, que tenha como princípios a co-responsabilidade, a solidariedade e a autonomia, se materializa em uma estrutura de autogestão, onde as decisões, o processo de aprendizagem e a construção e a socialização de conhecimento se dão de forma horizontal. Por isso, se organiza como uma associação, em que todos os integrantes são respeitados, por meio da participação nas instâncias. Organizar-se de maneira associativa nos torna cada vez mais envolvidos com a vivência educacional de nossos filhos e filhas e com o modelo de escola que desejamos para eles.




As instâncias de gestão

Assembléia Geral
É a instância máxima de decisão sobre os assuntos pedagógicos e administrativos da associação.

Conselho Pedagógico
- participam pais, mães e educadores(as)
- seleciona e avalia profissionais
- aprova, elabora e encaminha projetos e calendários
- realiza a relação externa da associação: articulação com a comunidade e com outras instituições (de educação e afins)
- faz a interlocução e a intermediação entre educadores(as), pais, mães e estudantes
- oferece suporte aos educadores
- acompanha os registros dos educadores

Conselho Administrativo
- encaminha administrativamente a contratação e a demissão de profissionais
- realiza o planejamento financeiro e a gestão fiscal da associação
- realiza as compras
- faz pagamentos e controle de despesas
- responsável pelo pagamento de profissionais
- elabora prestação de contas
- coordena as ações de manutenção e conservação do espaço da escola

Fórum de Estudantes
- é o espaço permanente de reflexão dos estudantes
- organiza os debates periódicos
- constrói direitos e deveres
- constrói e avalia os grupos de responsabilidades
- constrói, avalia e modifica dispositivos

Fórum de Educadores
- promove e sistematiza reflexão sobre os princípios 
- promove e sistematiza reflexão do fazer pedagógico
- realiza o planejamento e a implementação de projetos

O Projeto Educativo

Para realizar a horizontalização do processo educativo e possibilitar que os estudantes vivenciem plenamente seus potenciais, relacionando-os a uma convivência solidária e co-responsável, a prática da escola deverá apoiar-se em dispositivos de construção do conhecimento e de convivência no espaço-escola. Esses dispositivos possibilitarão a vivência, de forma significativa e contextualizada, de diferentes áreas do conhecimento e da formação dos sujeitos.
Pais, mães, educadores, educadoras, estudantes e comunidade são pilares fundamentais e de igual valor na constituição desta experiência. Diversas instâncias colegiadas de gestão abrigarão desejos, críticas, contribuições, dedicações, decisões.
Os educadores não serão professores, mas parceiros - orientadores das crianças e dos adolescentes na organização de seus projetos individuais e coletivos; e sistematizadores-produtores das reflexões do ambiente educativo. Mães e pais estarão diretamente implicados na construção e na avaliação da educação vivenciada, além de responsáveis por dimensões de formulação e de execução de uma escola sem donos ou diretores. Os estudantes, como centro dessa trama educacional, estarão presentes em todos os aspectos da constituição da escola. Finalmente, acreditando que uma educação significativa deve ser consciente e contextualizada, a troca entre o ambiente escolar e a comunidade de entorno se faz fundamental nesta proposta.

Uma nova escola em 2011

Uma história, várias histórias
Após anos de experiência em um espaço de educação infantil comunitária chamado Associação Pró-Educação Vivendo e Aprendendo, um grupo de pais, mães, crianças e educadores, ao conhecerem a experiência educativa da portuguesa Escola da Ponte, em meados de 2009, começou a refletir sobre como proporcionar às crianças, na prática, uma educação fundamental que se encontrasse com seus ideais.
Essa história não começou aí. O grupo discutia e refletia conjuntamente, havia anos, em muitos domingos e feriados ensolarados ou chuvosos, questões relativas à Educação. Compartilhavam muitas críticas relacionadas ao sistema de educação e às instituições de ensino. Na incursão pelo Ensino Fundamental, em diferentes escolas, não conseguiram saídas que rompessem com estruturas e paradigmas do modelo de educação tradicional – verticalizado, centrado na figura do professor, restrito em saberes. O caminho seria a criação de algo novo. 
Essa ideia atrai várias outras pessoas, mas as dificuldades para a construção de uma nova escola não são pequenas: se a crítica ao que existe é comum a inúmeras pessoas, a escolha do que se quer construir dificilmente foge ao repertório conhecido e sedimentado há tempos. Quem de nós viveu experiências inovadoras em Educação? Quem tem coragem de romper com modelos e valores plenamente aceitos e difundidos em nossa sociedade?
No desejo de viver uma experiência realmente diferenciada e no pulsar das reflexões sobre os princípios que norteariam a prática e a vivência da escola, o grupo chegou, sob a luz do que já era praticado pela Escola da Ponte, a três princípios fundamentais: solidariedade, co-responsabilidade e autonomia.
Ancoradas nesses princípios, iniciaram-se as ações de construção do projeto educativo, da organização da gestão e de pensar o próprio espaço físico da escola. Mais uma vez, a Escola da Ponte, com sua proposta democrática de educação, onde os estudantes são protagonistas de seu percurso educativo, foi fonte inspiradora. Somaram-se, aí, os princípios da permacultura, as experiências educativas vividas na história de cada um, outros estudos e pesquisas...
Ao iniciar o movimento de construção, o projeto recebeu o convite da Fundação Cidade da Paz, que abriga a Universidade Holística da Paz – Unipaz, para materializar a nova experiência de Ensino Fundamental em seu campus. Em sua história, a Unipaz já abrigou diversos projetos pioneiros na área de educação. 
O local é uma grande chácara que preserva uma pequena parte do ecossistema - nascente, plantas e animais nativos - e possibilita uma convivência privilegiada com natureza.
Para a implantação da escola, foi muito favorável encontrar esse espaço, que se afina com os princípios norteadores da nova escola e que permite seu desenvolvimento de forma flexível e harmônica. 
As duas instituições tem projetos independentes e a parceria está inicialmente voltada para o compartilhamento do lugar, mas a trajetória da Unipaz mostra-se como terreno fértil para o florescimento da inovação pretendida com esta proposta de educação.